
Transei. E agora?

Olhares  se cruzam; a pequena chama está acesa. A conversa, a princípio  inocente, vai dando lugar as carícias. O desejo, quase incontrolável,  afogueia o corpo dos apaixonados. Agora, o segurar das mãos não é o  bastante. Os abraços são seguidos de beijos longos e apaixonados. Como a  intimidade não tem volta, ela é cada vez mais crescente, dominadora,  exigindo mais, abrindo as portas do “jardim fechado”, revelando  sensações adormecidas, até acontecer o que parece inevitável. Eles se  entregam um ao outro. Os dois seres são arrastados pela torrente  irrefreável do prazer. Eles chegaram a um ponto que parece impossível de  voltar. Na verdade, neste momento, eles não querem voltar. Eles não  pensam em nada a não ser neste momento. Possuídos pelo desejo, eles  consumam o ato. De repente tudo acaba, eles voltam a realidade.  Sobressaltados, eles nem sabem o que fazer. E agora?
Eles se  ajeitam o melhor que podem. Sem conseguirem se encarar, eles correm para  casa e se trancam no banheiro. Num banho demorado, ela tenta lavar o  que não poder ser limpo com água. Não há como negar que o que sentiram  foi algo extraordinário. Mas, se o que eles fizeram foi tão maravilhoso,  porque um sentimento estranho e incomodo desassossega os amantes?  Porque dentro deles uma pequena voz importuna a consciência? Porque,  como Adão e Eva, eles também desejam se esconder? Porque é tão difícil  encarar os pais no outro dia? Porque aquilo que foi tão lindo, agora  parece tão feio?
Os namorados se evitam. Eles sabem que se  ficarem a sós por uns minutos tudo vai acontecer outra vez. Depois da  primeira vez exercitar domínio próprio é dificílimo. Muitas opções  inquietam o dia seguinte. O que fazer? Continuar transando? Alguém pode  descobrir e ainda tem o risco de gravidez. Terminar o namoro? Nem  pensar, eles se amam! Casar como? Eles ainda têm a faculdade. Contar  para os pais? Qual vai ser a reação deles? De jeito nenhum, os pais são  uns quadrados; eles nunca vão entender. Procurar um amigo? Onde  encontrar este amigo que vai manter o segredo e que tem uma palavra  salvadora? Confessar ao pastor? E se ele levar o fato ao conhecimento da  igreja? E se ele simplesmente excluí-los da igreja? Aí todo mundo vai  ficar sabendo.
O jeito é esconder. Mas no sermão de domingo
o  texto lido não podia ser pior. “Aquele que esconde o seu erro ficará com  seus ossos secos, mas o que confessa e deixa alcançará misericórdia”.  Confessar a quem? A Deus, ao pastor, a igreja, um ao outro. Será que  temos mesmo que confessar? Nossa entrega foi por amor! Simplesmente  atendemos o chamado da própria natureza! Quem colocou este desejo dentro  de nós foi o próprio Deus! Afinal, vamos nos casar! Além disto tudo,  todo mundo faz! Porque só nos dois é que temos que nos controlar?
Seus  argumentos são válidos e bem colocados. No entanto, dentro deles o  desassossego permanece. Uma culpa crescente destrói-lhes a paz. Uma  tristeza profunda aborrece os momentos que antes eram felizes. Um  silêncio irritante os faz ouvir seus próprios pensamentos. E agora?
A  decisão a ser tomada vai depender do quanto você está comprometido com  Deus. Para quem vive sem Deus é muito normal transar. Eles simplesmente  transam e pronto. A filosofia deles é: “viva e deixe viver”. Estas  pessoas afirmam categoricamente. Nada é ruim se é bom para mim mesmo. Se  engravidar faz um aborto e pronto. E daí se os pais descobrirem? Se der  certo casamos, se não separamos! Minha consciência de nada me acusa!  Não temos nenhuma satisfação a dar a sociedade! Cada um cuide da sua  vida! Não dou o direito de ninguém se meter onde não é chamado!
Outras  pessoas já conhecem a Deus, mas mesmo assim ainda não permitem que Deus  controle todas as áreas de sua vida. Embora estas pessoas queiram fazer  o que é certo, elas ainda continuam a fazer o que lhes agrada e domina.  Elas procuram ter um relacionamento com Deus, mas elas vivem em altos e  baixos. Conseguem não transar por algum tempo. Procuram a ajuda de Deus  com veemência. Por alguns dias, elas conseguem vencer até caírem na  mesma falta. As constantes quedas produzem cristãos fracos, raquíticos,  anêmicos, com uma auto-estima doentia. Das duas uma, eles se conformam e  continuam vivendo este tipo de vida ou se tornam hipócritas e aparentam  viver aquilo que no fundo não vivem. Paralelamente a pública e  supostamente santa vida cristã, eles vivem uma vida ambígua, deformada, e  muitas vezes intolerante com o pecado os outros. Eles pecam, vivem como  se não pecassem, e condenam os que pecam.
Em terceiro lugar,  existem aqueles que sinceramente querem andar com Deus. Por mais que  eles tenham milhares de argumentos válidos para se autojustificarem,  eles reconhecem que pecado é pecado. Eles não são nem mais nem menos  pecadores que todos os outros. A diferença é que estes não querem  permanecer no pecado. Para eles o pecado é um acidente de percurso. Eles  pecam porque são pecadores, mas eles não sentem prazer no pecado. Eles  reconhecem que só existe uma maneira de lidar com o pecado. Vejamos um  exemplo:
Ao soar a campainha, abro a porta sorridente. “Como vai  Maria? Entre, o que posso fazer por você?” Pergunto eu olhando nos seus  olhos já prevendo o pior. Maria foi criada na igreja e lidera os  adolescentes. Seus pais também são líderes na igreja. Seu olhar triste e  cabisbaixo revela que algo vai mal. Para ela é difícil falar; portanto  eu faço tudo o que posso para não dificultar as coisas. Não quero tornar  o assunto mais penoso para ela. Depois das primeiras palavras trôpegas e  sussurrantes Maria confessa: “Pastor estou grávida, que vou fazer  agora?” Maria não consegue controlar as lágrimas. Mesmo ouvindo  histórias como esta durante todo o meu ministério, não consigo  acostumar-me.
Meu coração de pastor se enche de amor por Maria.  Com voz embargada e firme lhe digo: Maria você tem duas opções. A  primeira delas é não fazer absolutamente nada. Ao confessar para mim,  você está confessando para o próprio Deus. Deus ama você e certamente  lhe perdoa. Pecado confessado é pecado perdoado. No entanto, seu estado  vai se tornar público. Sua barriga vai crescer. Como você mesma sabe, as  pessoas vão começar a criticar. Seus pais irão ficar chocados, tristes,  e magoados, tanto com você quanto com aqueles que a acusarem. Alguns  vão cobrar do pastor uma posição. Como você é líder na igreja, eles vão  exigir que você não lidere mais e até seja disciplinada. Ou, eles irão  me chamar de conivente, que aceito pecado dentro da igreja. A igreja vai  sofrer com o disse-que-disse. Seus pais vão partir acertadamente para  sua defesa. Eu sofrerei pressões de todos os lados. Você ficará mais  ferida do que já está. Seu namorado por não ser da igreja, ficará tão  chateado com estas atitudes dos crentes que provavelmente nunca mais  pisará numa igreja.
Maria me olhou desconsolada e me perguntou: “Que outra opção eu tenho?”
Suspirei  fundo e continuei. Você vai entrar no meu carro e vamos até a sua casa.  Você vai confessar tudo para os seus pais. Eles ficarão atordoados, mas  irão aceitar. Eu os conheço muito bem; eles a amam profundamente. Além  disto, estarei ao seu lado todo o tempo para o que der e vier. Já que  você quer se casar com seu namorado, diga aos seus pais que você não  pode casar sem a bênção e o perdão deles. É impossível construir uma  família saudável e feliz sem a comunhão das pessoas as quais amamos.  Domingo você virá a igreja. Vou lhe chamar diante de todos juntamente  com seus pais. Vamos falar abertamente o que aconteceu. Quem pode acusar  aquele que confessa? Que acusador não ficará corado de vergonha diante  dos seus próprios pecados e do Deus que conhece o que ocultamos dentro  de nós? Pode ter certeza, eu vou protegê-la. Ninguém vai lhe acusar  depois disto. Nenhuma culpa vai ficar na sua alma. Seu filho vai nascer  de um ventre sem mágoas ou amarguras. Pode ter certeza que todos vão  entender e ajudar.
Maria respondeu: “É assim que vou agir!” Fui  madura o bastante para ficar grávida, vou ser madura o bastante para  confessar e assumir o que fiz.
O encontro com os pais de Maria  foi comovedor. Com coragem e firmeza ela abriu o coração. Eles se  abraçaram, choraram, e acariciaram um ao outro. Emocionado os envolvi  com meus braços e fiz uma oração de gratidão a Deus. Ele estava usando  um acontecimento inesperado e trágico para restaurar e trazer cura, não  só a Maria, mas a seus pais e a igreja.
No domingo lá estava  Maria sentada ao lado dos pais no primeiro banco. No momento certo, os  convidei ao altar. Passei meu braço por sobre os ombros de Maria. Com  voz embargada me dirigi à congregação. Aqui está Maria. Todos a conhecem  como membro e líder nesta igreja. Maria pecou! Ela está grávida e vai  casar-se em breve. Maria procurou a mim e a seus pais. Ela não quer  esconder nada. Ela não vai afastar-se da igreja. Muito pelo contrário, é  exatamente neste momento crucial que Maria precisa de nossa ajuda. Quem  aqui presente pode acusá-la? Somente aquele que não tiver pecado pode  atirar a primeira pedra. Vamos continuar amando a Maria. Vamos fazer um  “chá de bebê”. Vamos receber esta criança como uma dádiva de Deus. Maria  vai casar e celebraremos este evento com alegria. Se alguém comentar,  fofocar ou acusar Maria vai ter uma boa e franca conversa comigo.
A  emoção contagiou o ambiente. A presença de Deus era real e abundante.  Muitas pessoas cercaram Maria com carinho, lágrimas e solidariedade.  Maria foi restaurada. Ela concebeu uma linda e robusta menina. Seu nome é  Graça, que significa “presente que não merecemos”. Depois de um  casamento foi memorável, o marido de Maria foi tocado profundamente pelo  amor da igreja e se rendeu a Jesus. A igreja saiu fortalecida. Maria  experimentou o poder transformador do perdão. O Evangelho de Jesus foi  praticado e Deus ficou imensamente feliz com a atitude dos seus filhos.
Transar todos querem! Que transar é bom ninguém tem dúvida! O que fazer depois?  Eis a grande questão. Tudo vai depender de você. A atitude que você  toma no dia seguinte é fundamental. É esta atitude que vai determinar o  seu futuro e felicidade. Você pode simplesmente tapar a voz da  consciência, usando para isto a muita ocupação, a diversão, os vícios, e  desculpas esfarrapadas, ou até mesmo com uma nova transa. Entretanto,  este modo de agir produzirá angústia e tormento. Somente uma atitude  honesta, sincera, e responsável vai conduzir você a verdadeira  felicidade. Não tenham pressa. Seu maravilhoso e sublime momento de amor  vai chegar. Esperem pela hora e pessoa certa. Não maculem seu futuro,  carregando vida afora as marcas dos fantasmas do passado. Quando chegar o  esperado e mágico momento, vocês descobrirão que ao invés de apenas  transar, vocês estarão realmente fazendo amor, numa entrega por inteiro,  sem traumas ou culpas, em completa e doce paz, casados e plenamente  realizados.
Dr. Silmar Coelho

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fonte/http://www.silmarcoelho.com.br/


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